Mais de 15 mil alunos da rede privada migraram para instituições públicas de ensino somente neste ano. Na rede estadual, das 49.240 novas matrículas, 15.515 são de estudantes que vieram de escolas particulares, ou seja, 31,5%. Segundo a Secretaria Estadual de Educação (SEE), os números ainda são preliminares. A pasta também afirmou que a migração se deve a melhorias no desempenho dos resultados das escolas, além de políticas como o Programa Ganhe o Mundo e à inserção de tecnologias na rede. A dificuldade de pais ou responsáveis de arcarem com as mensalidades também é levada em consideração. O Sindicato dos Professores da Rede Particular (Sinpro-PE) lembra que, nas unidades particulares, os pais têm direito a ter acesso à planilha de custos da escola para saber o porquê dos reajustes.
O aumento parece significar que a crise econômica chegou forte no bolso dos trabalhadores. O mês de janeiro chegaria com pressão no orçamento da dona de casa Luciana Barreto, 36 anos. A mensalidade da escola onde a filha dela estudava, a adolescente Laura, 14, estava na casa dos R$ 400. “Sustentar mensalidade de escolar particular não está fácil”, lamentou. A garota, que nunca estudou em escola pública, foi matriculada pela primeira vez neste ano, na Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Santa Ana, em Jardim Atlântico, Olinda. “Ela está muito empolgada”, contou Luciana.
Ela acrescentou que optou por transferir Laura por causa das oportunidades que o Estado oferece aos alunos matriculados, como a Lei das Cotas e intercâmbio para outros países, como o Programa Ganhe o Mundo. “Esses fatores, querendo ou não, podem proporcionar um futuro melhor para minha filha”, destacou.
A folga no orçamento não será somente na mensalidade. Só de material escolar, no ano passado, a mãe de Laura gastou mais de R$ 500.
Segundo o secretário de Assuntos Educacionais do Sindicato dos Professores da Rede Particular (Sinpro), entidade que representa aproximadamente 3,5 mil colégios particulares de Pernambuco, Luciano Paz, o índice de reajuste das mensalidades para 2016 ficou entre 12% e 15%, dependendo da escola. Paz ressaltou que o que precisa ser levado em consideração é a estrutura que a rede estadual disponibiliza como, por exemplo, as escolas em tempo integral. “Isso tem atraído as famílias de classe média pelo fato de a educação pública ter um ensino de qualidade, além de oferecer material didático gratuito. Tem pai que gasta mais de mil reais com esses produtos escolares.”
REDE ESTADUAL - Com o aumento de alunos nas salas de aulas de escolas públicas, a preocupação é se as instituições conseguirão receber todos os alunos. No entanto, a Secretaria Estadual de Educação (SEE) garantiu que não faltarão vagas. “Ofertamos quase 100 mil vagas. E já temos ociosidade na rede. Até agora, só metade delas foi ocupada”, afirmou o secretário de Educação, Fred Amâncio. Atualmente, a rede conta com 1.049 escolas, sendo 300 unidades de referência em Ensino Médio e 29 escolas técnicas, que são as mais procuradas, segundo o secretário. Amâncio acrescentou que cada um dos 185 municípios de Pernambuco oferece, pelo menos, uma escola de referência.
Fonte: Folha de Pernambuco
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