Por Paulo Monteiro Júnior

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Analfabetismo cai, mas ainda fica fora da meta no Norte e no Nordeste.

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A taxa de analfabetismo no Brasil entre pessoas com 15 anos ou mais caiu de 2017 para 2018, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A redução, no entanto, foi tímida: o percentual, que era de 6,9%, passou para 6,8%. A taxa corresponde a 11,3 milhões de analfabetos. As desigualdades regionais evidenciam o desafio do país em atingir uma meta estabelecida pelo PNE (Plano Nacional de Educação) para 2015, que previa a redução da taxa de analfabetismo para 6,5% naquele ano.
Com percentuais elevados de analfabetismo, apenas Norte e Nordeste não cumpriram a meta do PNE. Na primeira região, a taxa de pessoas com 15 anos ou mais que não sabia ler ou escrever em 2018 era de 8%, percentual que se manteve estável em comparação a 2017. Na segunda, a taxa era de 13,9% no ano passado, contra 14,5% no ano anterior --um recuo de 0,6 ponto percentual. A região Sudeste apresentou o menor percentual de analfabetos, com 3,47%, seguida pelo Sul, com 3,63%. No Centro-Oeste, o percentual era de 5,4%. Em comparação com 2017, nenhuma delas apresentou variação maior do que 0,5 ponto percentual. 
O IBGE não especifica, no entanto, em que ano as regiões com menores taxas de analfabetismo passaram a cumprir a meta do PNE. Os dados fazem parte da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua, que só desde 2016 possui um módulo de educação. Marina Águas, analista do IBGE, afirma que a pesquisa demonstra que "as oportunidades não foram necessariamente iguais entre todas as regiões" --algo que ela aponta ser "uma coisa histórica do Brasil"
À sua frente, o país tem um desafio ainda maior, já que o PNE traz a previsão de que o analfabetismo seja erradicado do Brasil até 2024. "O ritmo dessa redução vai depender das políticas públicas que forem propostas até 2024 para que as pessoas sejam alfabetizadas", destaca a analista. "A meta é alcançar a erradicação em todo o território brasileiro, mas o que tem que ser feito [em cada região] provavelmente é diferente, dado que os patamares de taxa são diferentes entre as regiões", afirma.
Uma das primeiras medidas do governo de Jair Bolsonaro (PSL) na área da educação foi a criação de um Plano Nacional de Alfabetização, criado por decreto, em abril. Especialistas divergem sobre a eficácia da proposta, que segundo eles prioriza uma metodologia única.

Taxa é maior entre negros idosos 

A proporção de analfabetos continua maior entre a população idosa, em especial aqueles que se identificam como pretos ou pardos. Em 2018, 27,5% das pessoas de 60 anos ou mais que se identificaram como pretas ou pardas eram analfabetas --percentual quase três vezes maior do que entre idosos de cor branca, que foi de 10,3%. Entre as pessoas de 15 anos ou mais de cor branca, a taxa de analfabetismo foi de 3,9%. O percentual se eleva para 9,1% entre as pessoas da mesma idade que se identificaram como pretas ou pardas. Ao mesmo tempo em que o percentual de analfabetos entre idosos negros foi maior em 2018, o grupo teve a maior redução de pessoas que não sabiam ler ou escrever entre 2016 e o ano passado, com uma queda de 3,2 pontos percentuais.

Por:  Ana Carla Bermúdez
Fonte: UOL São Paulo
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