Por Paulo Monteiro Júnior

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Deputada evangélica pede 'providências legais' contra professor que tratou homofobia em sala de aula

Professores e entidades educacionais da cidade, próxima a Brasília, repudiaram a interferência

Foto: Jornal Regjonal 

A deputada distrital Sandra Faraj (SD), da bancada evangélica do Distrito Federal, enviou ofício a um colégio de ensino médio de Ceilândia, cidade a 30 quilômetros de Brasília (DF), para questionar um trabalho escolar que tratava sobre homofobia. A interferência da parlamentar na escolha do conteúdo pedagógico revoltou professores e entidades de defesa da educação, que divulgaram notas de repúdio nesta terça-feira.


No fim de junho, um professor do segundo ano do ensino médio do Centro Educacional 6 de Ceilândia passou um trabalho em grupo aos estudantes, em que eles deveriam debater um entre os seguintes temas: homofobia, integração entre gêneros, pansexualidade, relações poliamorosas e transsexualidade. O gabinete de Sandra Faraj recebeu reclamações com relação ao assunto e enviou ofício à direção da escola pedindo “esclarecimentos” e “providências legais cabíveis”.
O Sindicato dos Professores considerou o envio do ofício uma forma de intimidar e constranger os professores. “Temos uma lei de gestão democrática que organiza as escolas e estabelece a autonomia do trabalho pedagógico dos professores e da instituição de ensino. O professor tem que ajudar os alunos a entender a sociedade, ele não pode ser cerceado ao tocar em temas importantes da atualidade”, reclama Dimas Rocha, diretor da entidade.


O Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do Distrito Federal publicou nesta terça-feira uma nota de repúdio ao posicionamento da parlamentar. “O conselho repudia a tentativa de interferir na autonomia dos professores da escola citada. É conhecida a saga da deputada que enviou o ofício, para que os temas de gênero e orientação sexual não sejam discutidos, o que não encontra base legal. O conselho é afirmativo na necessidade de discussão dos temas de diversidade nas escolas para o estimulo de uma cultura da paz e tolerância”, diz a nota da entidade.
Por: Correio Braziliense

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