Por Paulo Monteiro Júnior

segunda-feira, 14 de março de 2016

Valores invertidos na sociedade moderna


Nesse primeiro post aqui na Conversa de Prof, gostaria de falar de algo que há tempos me incomoda: a inversão de valores na sociedade, nos seus mais variados aspectos. Volta e meia visualizo publicações nas redes sociais e também observo o mundo real a minha volta. Muitas e muitas vezes me pergunto onde isso tudo vai parar.
Viver em uma sociedade em que os valores morais aprendidos em outras épocas têm virado motivo de chacota é algo que merece ser refletido com seriedade. É muito complicado conviver com pessoas que julgam se você é superior ou inferior pela sua capacidade de beber muitos litros de bebida alcoólica, se você é uma bela mulher pela sua capacidade de ficar com diversos homens e ainda julgam que você é um homem “top” pela sua capacidade de ter um tênis da Nike ou “pegar” diversas mulheres.
Recentemente eu conversava com meu esposo acerca de amizades. Nessa conversa, cheguei à conclusão que, quanto mais você se enquadra nos valores distorcidos da sociedade, mais amigos você tem. Porém, algo que deve ser observado é a qualidade dessas amizades. E isso só será descoberto quando você estiver passando por um grande problema e precisar desses amigos.
Outro fator em que se observa essa divergência é na cultura, especificamente na música (que é uma das minhas áreas, não profissionalmente – ainda –, mas apenas por hobby mesmo).  Quanto menos sentido fizer a letra da música, ou quanto menos ela tem a acrescentar a cada pessoa, mais sucesso ela faz. Profissionais excelentes são desvalorizados, enquanto qualquer um que cria uma música qualquer de dois acordes (com uma péssima letra, diga-se de passagem) tem suas mídias compartilhadas, visualizadas ou ouvidas aos milhões.
Infelizmente, como diz  Eliton Fernando Felczak, em seu artigo A modernidade líquida e a vida humana transformada em objeto de consumo, baseado nos escritos do filósofo polonês Zygmunt Bauman, “O ser humano, ancorado no discurso consumista, vive a sua vida sem se questionar sobre o que realmente acontece à sua volta. Vive-a como espectador, não como protagonista”. Acredito que é isso que está ocorrendo em nossa sociedade.  O consumo desenfreado, os modismos, a preguiça intelectual fazem com que as pessoas simplesmente deixem de questionar e passem a aceitar o que os meios sociais lhe impõem, sem no mínimo selecionar o que seria realmente mais “edificador”, digamos assim. Com isso, passamos a enfrentar uma distorção desenfreada daquilo que antes era considerado bom e agora passa a ser considerado “careta”, causando até mesmo um processo de exclusão social.
Portanto, enquanto as pessoas não se verem numa perspectiva de liberdade individual, não se perceberem como seres de opinião e não aprenderem a selecionar o que é realmente viável para suas vidas, esse círculo vicioso da inversão não terá fim. Então continuaremos a ver nossos adultos seguindo como gado para a matança na onda da mídia que pensa pequeno (e acha que o povo deve pensar também) e os jovens seguindo o exemplo dos adultos, se afundando em um pântano que com o passar dos anos se torna cada vez mais profundo, e se alimenta dos problemas mais vistos na sociedade moderna.
FONTE:
FELCZAK, Eliton Fernando. A modernidade líquida e a vida humana transformada em objeto de consumo. Disponível em <http://www.vidapastoral.com.br/artigos/atualidade/a-modernidade-liquida-e-a-vida-humana-transformada-em-objeto-de-consumo/> Acesso em 14 de março de 2016.
Imagem de Quino, cartunista argentino.
Por: Elaine Silva, colunista no blog Jonata Daniel 
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